BLOG DA VEREDA URBANA
Mini curso apresentado, de modo online, por mim e as colegas arquitetas Fernanda de Abreu Pereira e Luciana Fagundes Benevides no XV ENEPEA 2020. Jardins de chuva é um tema que eu gosto bastante e até já falei dele aqui no blog, por isso achei interessante colocar aqui os slides do mini curso apresentado por nós.
Quero falar hoje sobre projeto e composição paisagística que é um assunto bem bacana, porém complexo para quem está começando na arte da arquitetura paisagística. Para muitos, infelizmente ainda, paisagismo é aquele mero detalhe final de uma obra e eu estou dizendo obra nem estou dizendo projeto, pois poucos ainda contratam um Arquiteto Paisagista e deixam apenas para o final da obra para colocarem as “plantinhas” e aí acontece a maioria dos problemas. Um pensamento muito restrito, pois o paisagismo vai muito além da “plantinha”. Paisagismo é o planejamento do ambiente externo, um complemento daquilo que é projetado na arquitetura. É num projeto de arquitetura paisagística que elementos construtivos tais como: pedras, móveis, iluminação, paredes, cascatas, vegetação, pisos, revestimentos, cores, postes, bancos, pergolados, gazebos, passeios, escadas, lagos, piscinas e tudo que pode ser moldado pelas mãos humanas entram. O paisagismo valoriza a arquitetura. Um elemento importantíssimo em paisagismo é a volumetria, que é possível ser desenvolvida em qualquer espaço. Dependendo do espaço, uma parede trabalhada, móveis, floreiras ou um caixilho diferente na janela dão conta do recado, o segredo é o equilíbrio. Falando em volumetria de vegetação ela é indicada em vários casos e são feitas em três níveis: forração, arbórea arbustiva e arbórea de grande porte. As forrações cobrem o solo e têm até 30 centímetros de altura, podem ser combinadas ou substituídas por pedras. Arbustos que vão até uns 4 metros fazem a escala intermediária e as árvores e palmeiras, que são as de grande porte, dando a verticalização ao jardim. O arquiteto paisagista, além de conhecer bem os materiais de construção, deve ter ao menos uma noção básica de botânica, isto é elementar na profissão para assim conhecer o comportamento das plantas e sua adequação ao clima aliados aos hábitos dela, pelo menos das plantas mais usuais. Além disso, deve também conhecer os biomas, os ecossistemas, o manejo dos vegetais, os conceitos básicos de paisagem e a historia do paisagismo. Espero ter contribuído um pouco e ajudado a quem está começando nesta arte que tanto me fascina.
Sabidamente, as três primeiras cidades planejadas do Brasil foram: 1 - Salvador em 1549; 2 - Teresina em 1852; 3 - Aracaju em 1855; Porém, lendo o livro Macaé Portuária A Luta de uma Cidade por seu Porto, do Professor Ricardo Meireles, reparei que o traçado urbano de Macaé foi feito pelo G. F. Pimentel no ano de 1840, conforme acervo da Biblioteca Nacional. Portanto, Macaé seria a segunda cidade do Brasil que foi planejada. Não seria interessante para nossa cidade que os órgãos públicos ligados ao Patrimônio e História dessem mais valor a isso?
Como Arquiteto Paisagista, indico aos GESTORES PÚBLICOS a execução dos Jardins de Chuva em vias públicas. Uma excelente opção para diminuição dos alagamentos nas ruas. FICA A DICA! Mas o que são Jardins de Chuva? Basicamente os Jardins de chuva são jardins que ficam num nível abaixo, de modo a captar a agua proveniente das chuvas. Este sistema além de captar ele limpa e infiltra água de chuva de telhados, pisos e vias diretamente no lençol freático. Normalmente têm entre 15 a 25cm de profundidade, mas pode ter mais dependendo da situação do solo local, e têm como objetivo final reidratar o solo urbano com água de chuva. Estes jardins podem acolhem até 100% do total de água de chuva captado nas áreas de contribuição, eliminando assim a necessidade da rede de drenagem para o trecho atendido. Como síntese, temos então o jardim de chuva como uma bacia de infiltração de águas pluviais que contribui comprovadamente para o controle de enchentes e purificação da água a ser infiltrada no solo, assim como, filtragem da quantidade excedente que será devolvida ao sistema e também com a contribuição da melhora estética dos centros urbanos.
Projeto de Arquitetura Paisagística e arborização urbana da Vereda Urbana Paisagismo e Arquitetura (VUPA), em um loteamento residencial localizado na cidade de Macaé/RJ. Nossa maior objetivo neste projeto foi de recuperar o espaço como um todo, pois se tratava de uma fazenda com praticamente toda a sua área tomada por pastos. Na arborização urbana, escolhemos arvores que dariam sombras e um belo efeito estético ao empreendimento, porém sempre atendendo as normas da Lei de Arborização Urbana do município. No final, o projeto ficou 506 mudas de arvores em sua maioria nativas. Nosso maior desafio foi a elaboração do Parque Ecológico, situado em uma área totalmente degradada, com declives e aclives, com uma área total de 34.000 m². Acabamos optando por criar duas áreas distintas, uma com a vocação de uma grande praça, com uma entrada bem ampla que convida as pessoas a entrarem, composta por redários, anfiteatro, gazebos, playground e outras coisas, já a outra área ficou mais com o estilo de parque, mais fechado e muito mais arborizado, aonde se encontram as trilhas para caminhadas e o mirante com vista para o mar. Este Parque ficou no total com 665 mudas entre arvores e palmeiras, todas nativas.
Projeto residencial localizado no bairro Mirante da Lagoa, na cidade de Macaé, estado do Rio de Janeiro. “ Quero uma casa com ideias sustentáveis ”, essa foi uma das primeiras solicitações do cliente quando sentamos pela primeira vez, em 2007, para um bate papo sobre o projeto, fiquei muito animado, claro, pois são estes projetos que nos fazem sair da nossa zona de conforto e ousar mais de nosso senso de criatividade. A partir daí começamos a elaboração do sonho do nosso cliente, etapa por etapa, reuniões e mais reuniões, vários estudos apresentados até chegarmos a uma definição que o deixou muito satisfeito. A casa em estilo contemporâneo tem em sua cobertura, que é de telha ecológica, sistema de calhas que captam as águas das chuvas, levando essas águas diretamente para um filtro, elaborado por nós, e seguindo para uma cisterna de 3000 litros. Essas águas são direcionadas para o uso dos vasos sanitários, lavanderia e torneiras do jardim. A água dos banheiros e cozinha são aquecidas através de sistema de placas solares instalados no lado norte do telhado, de modo a absorver ao máximo a luz solar. A casa ainda tem outras soluções sustentáveis, porém a que me deixou mais animado foi que podemos reaproveitar parte do piso de madeira Ipê que era da Centenária Igreja de São João e que estava sendo retirado para a colocação de piso porcelanato (vai entender?) e estava prestes a ser jogado fora….pegamos esse piso, tratamos e usamos na escada, no painel frontal da casa e nas janelas.
O Projeto Arquitetônico Vamos voltar um pouco no tempo, mais precisamente em 2002, nesta época eu também trabalhava como Arquiteto Urbanista na Secretaria de Meio Ambiente de Macaé/RJ e fiquei responsável pela elaboração deste projeto que foi todo feito em cima do plano de manejo do parque, porém as escolhas do partido arquitetônico, materiais e as outras coisas relacionadas à construção foi toda da equipe de colaboradores que trabalhava comigo na época e decidimos então que deveríamos trabalhar com peças de eucalipto tratadas e tijolos ecológicos, que não usam lenha para secagem. Após a aprovação do projeto pelos órgãos ambientais foi dado o inicio das construções no ano de 2003. Primeiramente foi construído o prédio administrativo e logo em seguida o centro de vivencia e o restaurante, ficando prontos em meados de 2004. Uns meses depois ao termino destas edificações ficarem prontas, foi dada o inicio da construção do alojamento de pesquisadores e da torre de visualização do parque. Vale lembrar que parte das instalações físicas do Parque foi construída com recursos de contrapartidas ambientais da Termelétrica Norte Fluminense e outras instalações foram construídas com recursos próprios da Prefeitura Municipal de Macaé. O Parque Atalaia foi inaugurado em 2006. O Parque O Parque Atalaia está situado no distrito de Cachoeiros de Macaé, a cerca de 27 quilômetros da sede. É uma das mais importantes reservas de Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro e expressiva relevância ecológica pela diversidade de sua flora e fauna. O Parque tem também importância cultural por estar relacionado à história do saneamento básico de Macaé. Em 1895, após sucessivas epidemias de febre amarela, o município, através de iniciativa de vários vereadores, adquiriu 25 alqueires da Fazenda Atalaia, com o objetivo de ampliar as fontes de água, garantindo a boa qualidade de abastecimento de água da cidade. Hoje, com 235 hectares, o Parque abriga importantes espécies da fauna e flora, com espécies endêmicas, e abundância de água. O parque abriga remanescentes florestais de baixada do município. Jequitibá, vinhático, figueira, braúna, pau-d'alho, são algumas das espécies da flora encontradas no local. A fauna do Atalaia também é rica e mescla espécies comuns em sistemas abertos, como cachorros do mato, furões, lontras, macacos bugios, papagaios, tatus, gambás, entre outras.